A Suvinil, do grupo Basf, está empenhada desde 2018 em aproximar a imagem da marca dos consumidores para manter a liderança no mercado brasileiro de tintas. Com isso, a Suvinil está alterando nomes de oito cores do portfólio considerados de viés racista.
A maioria das cores é relacionada a tons de cores claras, como "Pele de Pêssego", ou mais escuras, como "Pele Mulata". Os nomes foram dados às cores ao longo dos quase 60 anos da empresa no Brasil, que coleciona duas mil opções de cores no seu portfólio.
O vice-presidente de Tintas Decorativas para a América do Sul, Marcos Allemann, destacou que a pluralidade dos consumidores exige uma abordagem plural. "Concluímos que alguns nomes não são adequados a esse conceito. A gente se sente mal de ter esse tipo de cor no nosso leque".
Para Allemann, um dos nomes mais emblemáticos é o "Cor da Pele" e "é extremamente excludente". O nome foi substituído por "Fio de Rami", que advém de uma planta que resulta em fibras de cor bege. "Vamos tirar toda referência à cor de pele do nosso portfólio de cores, pois, quando se fala em pele, não dá para limitar a uma só cor", afirmou.
No total, nove cores tiveram seus nome alterados: Flor da Pele (Flor Lilás); Pele Delicada (Branco Quente); Pele de Veludo (Pêssego Pálido); Pele Macia (Quase Rosa); Pele de Pêssego (Rosa Laranja); Pele Mulata (Lambari Roxo); Pele Bronzeada (Cogumelo Shitake); Cor da Pele (Fio de Rami); Nude (Flor de Cerejeira).
O diretor comentou que a alteração é complexa, tendo em vista que os nomes já estão estabelecidos no mercado e estão em todas as paletas de cores da marca em cerca de cinco mil tintométricos (máquinas de misturar cores) em lojas de todo o País. Os leques serão reimpressos e os softwares dos equipamentos serão atualizados.
Para redefinir os nomes, a empresa consultou grupos de afinidade de funcionários da Basf que tratam da questão racial, mulheres, comunidades LGBTQ+ e pessoas que têm necessidades especiais.
O processo da transformação da imagem começou em 2017, depois de uma pesquisa feita em todo o País que constatou que o público consumidor hoje é mais engajado, menos racional e busca marcas com compromissos sociais e ambientais. Allemann destacou que o posicionamento da marca não era mais condizente "com esse consumidor, pois era muito técnico, mais voltado à qualidade e ao desempenho". Em 2018, a Suvinil iniciou as ações de empatia com o cliente.
Foi consumido R$ 200 milhões em investimentos entre 2018 e 2019 em marketing e excelência operacional. O logotipo da marca e as embalagens foram alterados, da mesma forma que a comunicação com o público e equipe interna, baseada em valores de pluralidade, responsabilidade social e ambiental.
Maior participação no mercado
De acordo com Allemann, a empresa vem ganhando participação no mercado e expandindo a liderança desde o início do processo.
Com mil trabalhadores, as operações ficaram suspensas por apenas 15 dias no início da pandemia do coronavírus, porque o setor da construção civil é considerado essencial. No entanto, a área de produção de tintas automotivas passou mais tempo com a produção suspensa.
A venda de tintas cresceu 4,5% em 2019, após a estagnação ou recuo de 2014 e 2017 e pequena alta em 2018. A previsão para este ano era de nova alta, mas a crise econômica teve o cenário alterado com a pandemia. No ano passado, 1,3 bilhão de litros de tinta para paredes foram vendidos.
Durante a pandemia, a venda caiu dois dígitos. Mas a Associação de Fabricantes de Tintas prevê que o setor encerre 2020 em linha com o PIB, que pode cair 6,5% de acordo com o Boletim Focus.
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